Na última segunda-feira (1º), a cidade de Marília iniciou a flexibilização do comércio, liberando atividades que só estavam previstas na fase 4 do Plano São Paulo, criado para a retomada da economia do estado. Com a reabertura do setor o isolamento social tende a diminuir, já que a circulação de pessoas nas ruas, assim como no transporte público acaba aumentando, potencializando a principal forma de transmissão da doença Covid-19, chamada pelos cientistas de “inimigo invisível”, por ser transmitida de uma pessoa contaminada para outra mesmo que a pessoa doente não apresente nenhum sintoma.
Segundo a professora mestre em microbiologia da Universidade de Marília (Unimar), Elizandra Ap. de Oliveira Lopes, a diminuição do isolamento social e a reabertura do comércio no momento atual são preocupantes, já que o número de casos confirmados da doença dobrou em Marília na última semana. “Pode ocorrer uma falsa ilusão de que o vírus está longe de nós, até pelo fato de que não pode ser visto a olho nu. Mas muitos indivíduos assintomáticos podem transmitir a doença e com o aumento do número de pessoas nas ruas, consequentemente a quantidade de vírus circulante também aumenta. É ai que mora o perigo, pois a curva de contaminação pode subir de forma ascendente e rápida”, alerta Elizandra.
De acordo com informações divulgadas essa semana pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil está entre os países que ainda não atingiram o pico da Covid-19. Vale lembrar que o outono e o inverno são as estações do ano onde se tem as temperaturas mais baixas, com dias de frio intenso e tempo mais seco com baixa umidade relativa do ar.
É nessa época também que aumentam os riscos de doenças respiratórias, por isso a pessoas que precisarem sair de casa nos próximos dias, principalmente quem estiver voltando ao trabalho no comércio deve manter cuidados de higiene ainda mais rigorosos. “Com a flexibilidade a população precisa realmente se conscientizar da importância de ficar em casa e sair somente se necessário, entender também a importância do distanciamento, do uso de máscara e álcool gel, isso para que não ocorra um caos no atendimento à saúde”, orienta a professora mestre.
Nos últimos meses, após a doença Covid-19 ter se espalhado rapidamente pelo mundo, muitos profissionais da área da saúde e especialistas em doenças virais passaram a divulgar diversas informações na internet, por meio de redes sociais e outros canais, um grande exemplo é o biólogo e doutor em virologia, Átila Iamarino, que utiliza principalmente seu canal no Youtube e o Twitter para levar conhecimento da área para as pessoas, isso tem facilitado a compreensão e o aprendizado da população sobre questões que antes da pandemia eram mais restritas aos estudiosos do tema.
Para Elizandra essa divulgação é extremamente importante, pois são baseadas em estudos epidemiológicos que envolvem profissionais que se dedicam exclusivamente a área da Ciência e Pesquisa. “A população precisa conhecer a importância desses estudos e como é impossível realizar uma pesquisa cientifica sem financiamento”, reforça Elizandra que destaca ainda a importância de investimentos nessa área, “acho que chegou a hora da Ciência e Pesquisa terem o reconhecimento e a valorização através de investimentos para custear os gastos que envolvem materiais, equipamentos e profissionais”.
Vivemos um momento em que a produção cientifica do mundo todo trabalha para compreender a nova doença, os impactos econômicos e sociais que ela pode causar, buscando encontrar soluções, vacinas e medicamentos que possam diminuir os danos causados pela Covid-19. É sem dúvida também um momento para refletir sobre um futuro pós-pandemia e as lições que a luta contra a doença vai deixar para a população mundial.
A professora mestre acredita que futuramente a maioria das pessoas passará a evitar ambientes fechados e aglomerações, buscando lugares abertos e mais ventilados para frequentarem. “Eu acredito que tudo será diferente, não poderemos continuar com os mesmos hábitos depois de tudo que estamos vivenciando. No mundo pós-pandemia a palavra empatia será incorporada na vida de todos”, finaliza.